Eu pela calçada a sol a pino no miolo do Rio,
um homem dobra a esquina, uma arma na mão.
Ele correndo, eu abaixando a cabeça
com o pedido infantil: fica invisível, fica invisível.
Ele na minha direção, diminuindo a proximidade física.
Eu com o coração aos pulos, gelada, cada passo mais gelada.
Quando não se tem para aonde fugir, faz-se o quê? Pede um tiro no medo?
Viria dali da esquina alguém atrás dele? Haveria tiro? Estaria no meio?
Quando a mão armada passou rente da minha
um silêncio estranho nos sentidos parecia que me amortecia
e os olhos correram para frente querendo livrar-se do suspense da esquina.
Mas ele corria, se corria precisava, já provável apontara a arma
e a portava exposta como garantia, toda rua do outro lado fingia não ver,
um fantasma… era eu ali?
190. Alô, é da polícia?
Ó, me socorre aqui, tem uma intolerância bandida
roubando todo meu estoque de sangue de barata.
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