(quando o confessional puxa a bainha da saia)
Um universo inteiro dentro do peito e uma dissolução no universo inteiro: se eu for dizer que sou alguma coisa, talvez uma gotinha de cor, uma micrúscula partícula de cor com a giganteza dentro do peito. E talvez por intuir esse meu percurso, há tempos me desaproprio do tom em primeira pessoa, da prosa do eu. Mas, convenhamos, a vida sempre dá presentes que liberam dos extremismos: no momento de entender o que é um mar inteiro, não mais um mero afluente, veio de brinde a dimensão de só poder falar de dentro desse meu eu-gotinha.
Então, aprendiz teimosa, mas boa, que a vida me fez, inventei de conseguir pescar as letrinhas em linhas contínuas para falar de sentimento, cá de minha única (não primeira) pessoa…
(Um joelho esfolado e inflamado me fez mais humana, mas ardido nenhum nele me abafa a largo band-aid a sensação de coração macio, pelo contrário, combinam… e combinam em um ser que não rima amor e dor, porque não há o que se preencher com dor, quando se descobre o que é amor no oposto das inflamações dos quereres. )
Não há nada que os olhos possam confiar mais do que o sentimento, aprendi… olhos se entregam na verdade dos encontros, contam entre pares no canal do sentir, mas mentem, enganam adulteradamente, quando inventam ver o que e como gostariam. Então, para enxergar é preciso ver com o coração.
As mentiras mais tolas talvez sejam mesmo as de amor, de tudo que se cria para alguém ter que caber… quando amor, na verdade, é simplesmente um sentimento que é, acontecido e rei do universo de dentro, incontrolável, entregue por ser, sem tempo pré-determinado e sem expectativa. Ninguém casa com o amor, amor tem mais que dez dedos para em um colocar aliança, amor não tem corpo, toca no corpo inteiro.
Amor é fluxo como água, e água é algo pra lá de maleável, mas forte que só ela. Amor é mansidão, transborda no peito e derrama a volta. Sou pequena feito formiga ao lado do amor, mas posso ser grande nele se escolho ser gota na correnteza, e escolhendo ser gota ele transbordou em mim mesma, e eu me vi correnteza. Correnteza não é margem, não se baseia em métrica, não traça linha reta-cega… outro dia ouvi de um ser sábio que ansiedade cega, verdade. Amor não tem fome, correnteza é encontro.
( Com o joelho sendo cuidado e sem querer band-aids para o coração, ganhei outro brinde… senti com o entendimento do coração o que é uma pessoa que tem uma lagoa e uma cachoeira dentro, até confesso o desejo que me bateu de fazer carinho, mas como correnteza transbordei, e estou até agora entregue como mar ao fluxo dos encontros no tempo)
lindeza.
chega o peito infla, calmo calmo.
pura água mansa, nada ansiosa.
t.
Cris, que texto!
“Roubei” o fragmento “Ninguém casa com o amor, amor tem mais que dez dedos para em um colocar aliança, amor não tem corpo, toca no corpo inteiro.” e coloquei no blog, do lado direito. Caramba! Isto é forte.
Querida,
Tomei um susto quando li isso: “Não há nada que os olhos possam confiar mais do que o sentimento, aprendi… ”
Ainda bem que em seguida vc se retificou, completou. Eu ainda ontem concluí que nem nos olhos se pode confiar… 🙂
Super beijo.
I needed to thank you for this excellent read!! I absolutely loved every bit of it.
I have got you book-marked to check out new things you post…