O dom de (se) iludir

O dom de iludir… a sugestão de música onde a voz se oculta, a melodia sem corpo à dança. A arte de não ser em traje de passeio. O deixar rastro quando já se retirou do caminho. A ousadia não dita. O viver em ensaio por não se ter controle da conjunção perfeita. A idéia perfeita, o distanciamento da verdade errante, a recusa às tentativas.

O dom de iludir… o que nunca se tange, jamais se alcança, com placa erguida para onde não se está, nem se coloca ao encontro. Coberto de glitter e métricas, desconsertantemente simétrico, envolto em perfume sem toque, presença etérea que na proximidade se desmancha. A sugestão do tudo onde nada se principia.

O dom de iludir… a forma de não envolver-se com a vida, floreando e esvaziando ela de si mesma, essa roupa costurada de nãos que não se coloca sob suspeita, nem dá a face para despir-se.

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