– Bem-vindo, seu moço, pode entrar.
– Não sei que ventos me trazem, mas sei dos ventavais deixados atrás.
– Ih, se vê nos olhos que seguem turvos mareados de temporais em alto mar.
– Vim só e marcado pelas desembarcações que tive que enfrentar.
– Somos sós, seu moço, eu que vivo de colheita e não de mar, por vezes chorei sobre a terra sem ter companheiro afinado no semear.
– Mas vejo teu solo fértil e seus olhos o reflete…
– Tive eu que aprender a me cultivar.
– Tenho minhas dúvidas se me valho como bom marujo.
– Me diga, seu moço, o que em teus temporais não pode aceitar.
E ele teceu suas conchas e ondas em suas narrativas de temporais. Ela levada por seus ventos de verdade, entregue que estava ao que se revelava vindo do mar, abriu seus bordados de pétalas e sementes. Tecidos e bordados que se encontravam entre refinadas linhas.
Ele entre sóis e mareios. Ela com um farol ligado na cabeça e um pensamento a circular: cego, pois bem, cego como eu em lavouras atrás, e bonito que só. Em algum ponto o pausou, respirou, e ousou um remo de terra:
– Então, seu moço, se acha muito cansado para aprender de colheita? Estarei eu muito despreparada para aprender de mar?
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