TUI – ContoTerapia

TUI – ContoTerapia
(crisebecken.com)

Tui tinha um fio de alegria que sempre lhe escapava no bordado. Brigava com os dedos, se punha por vezes muito chateada quando o ponto enrolava, entortava, ficava com um jeito de desassossego. A moça queria tudo com excelente arremate, e por conta disso, o fio da alegria lhe escapava.

Bateu um dia um moço a porta:

– Tui, venha ver como meu bordado é perfeito demais!

Convite mais estranho, que a moça aceitou repleta de curiosidade. E curiosa se manteve enquanto ele bordava o ar, bordava palavra, bordava aroma.

– Uau, como é incrível seu bordado! Posso bordar também?

Não deu tempo para que um sim se colocasse, rapidamente um enorme emaranhado se deu pesando o ar.

– Droga, vou me embora, faço tudo errado!

E Tui o viu largar todas as linhas ali. Não sabia ele compartilhar do bordado? Não sabia ela por que de fato ele batera a porta? Seria ele como ela tão inábil.

– Ai, onde está a minha linha perdida entre as dele?

Se pôs a mexer o emaranhado, era justo a linha alegria que ela escolhera, e agora entre tantas dele, onde estaria. Remexeu para um lado, remexeu para o outro. Tanto mais embrenhava os dedos, mais partes se mostravam feito uma cama de gato. Caiu no chão, bem no meio, sentada.

– Desisto!

Foi parar de se enrolar, e algo muito claro se revelou em linhas a sua volta: no chão, abandonado, um agasalho.

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