CONTOTERAPIA – Ana Anda

Ana por muito tempo foi uma pequenina planta andante. Com as formas incertas, um aspecto de coisa pelo caminho. Porque não se achava em si mesma, perambulava procurando seu canto. Muitos que lhe passaram tentaram dar-lhe nome, caracterizar, prever infortúnios ou floradas. Mas nada daquilo lhe resolvia, tampouco alegrava. Por vezes sentou-se em pedra em... Continuar Lendo →

Hibisco em Aquarela

Azulava o dia como borda de pétala orvalhado de renascimento, tamanha chuva e tempestade trepidada sobre a textura do casulo da lagarta, como mantinha pendurada o sopro de nova realidade? A força brutalmente delicada enovelara na minúcia da paciência resistiu a cada tempo em sinuosidade Abrir mão de velhas estruturas do rastejo lento, tornar-se nua.... Continuar Lendo →

Versos de Isolamento – 2

Areia e vento na aspereza da matéria,pulsando a aorta, roçando a pele.Feito semente nas transições da terra:do difícil a beleza brota,por caminhos invisíveis a água jorra.Entre o quente e o frioa existência nada morna.Feito cacto no deserto que ainda assim floresce,segue acesa a chama:a minha, a tua, a nossa.

Na distância de um abraço

Conta o dito que há males que vem para o bem, não sabemos. Há o que se ache certo demais e se prova errado. E há o contrário. O que o pensamento metrifica, o sentir cala. Abre um mutismo pálido pela invasão do ácido na beleza subvertida. Explicações, poderiam tantas, e tamanhas, pela garganta que... Continuar Lendo →

Quimera

O olho que tudo vê amadurece entre as guerras e o cansaço nas trincheiras inexatas na ilha do querer. Vai desarmado recolhendo os espinhos lançados os convertendo em unguento sagrado de um espaço de paz. Essa paz distante dos combates tantas vezes pela ferida embotada. Desabotoa a veste do sonho dourado quando de areia e... Continuar Lendo →

Com o mar no céu

Na exuberância da transitoriedade, a constância é a mutação lunando os sentidos com generosidade. Vê que gentil o que a vida abre toda vez que a brisa feito o mar passa, e não se tem como carregar núvens como pedras na mala. Uma estrela amanhece, uma lua desagua.

Compassos

Se o nó na garganta se destece em canto e os descasos se despem em harmonia terra e céu em paralelo alinham, segue o peito oxigenando: alegria.

Conselho dado

Repara, flor, demolições descontroem as fronteiras para lá onde o norte brota o sol do sentido. Ouça, flor, um pulso de força erguendo nutrido de bem-querer, unguento, intenso farol de liberdade. Seja, flor, a dança sincopada que trança sonhos e verdades em seu fértil tempo enraizado.

(Des)Silencie

Tinha no peito uma coleção de espinhos enrolados em arame farpado. Os olhos carregados de silêncios e sombras. Palavras, palavras de sol bem regadas são tão necessárias, para que possa destecer a dor que estendeu de dentro a quem ousou amar e caminhar com você.

Das inteirezas

Do lado de fora, fôrmas, formas, rotas, concretos insólitos com pixações, etiquetas, jornais insatisfeitos. Ilusórios. Para o lado de fora, invisíveis eram. Para o lado de dentro, potável, doce, água de lagoa de afeto carambola, laço, ar liberto, oxigenado no tato do abraço, olhar de cafuné ao pé do ouvido. Para o lado de dentro:... Continuar Lendo →

Carinho

Rola na mansidão do tempo em onda de brisa que não se pontua a delicadeza da ternura.

Dicionário da Mutualidade

AFETO: no acolher, ser afetado e afetar no contato. CUMPLICIDADE: ser uníssono na vivência, na troca, laço. AMIZADE: ser banda no sol ou na tempestade. PAR: a arte de somar, sem borrar, afeto, cumplicidade, amizade. GRAÇA: uma sopa das quatro palavras.

A gota

Havia um peso nos olhos difícil de escapar. E o olhar distante, perdido, perseguia sem ver o que lhe custava a leveza. Naquela manhã, frente ao espelho, escova, gilete, sabonete, deixados de escanteio, ficou ele por minutos encarando a si mesmo. - Eu errei com você. E o peso das escolhas passadas, displicentes aos traços... Continuar Lendo →

A dança

No centro da paz dança o movimento. Todo o caos a volta se rende ao centro, a liberdade do ondular em fragmentos o que se desconstrói e se reconstrói dentro.

O dom de (se) iludir

O dom de iludir... a sugestão de música onde a voz se oculta, a melodia sem corpo à dança. A arte de não ser em traje de passeio. O deixar rastro quando já se retirou do caminho. A ousadia não dita. O viver em ensaio por não se ter controle da conjunção perfeita. A idéia... Continuar Lendo →

Curvas em si

  Muito além do que se vê, está guardado o que se pode achar. É essa cegueira de imagens, essa poeira espessa de quereres, e esse vento áspero de formatos que esconde o que se tem para ver. Esse vício de caminhos, essa fome de emoções e métricas, nossos paletós de enxigências e suas gravatas... Continuar Lendo →

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