O mundo quando mostra finos denteshumanamente predadormasculinamente doentebafejando corpos e poderesdesbota despotadamente.Mas a vida, muito maior que tronos e pênisbem mais fecunda que os abusos à mesaventa uma força para lutachove gentilmente caminhos outros.
Sem Água
Mil bolhas de pensarlavadas por 10 mil de sabãosendo estouradas na conta carado preço dos pensadosgastos na contramãodo viver não creditadoda necessidade do coração.A rima pobre, ordinária,fica de bengalacustosado senão dos nãos.
DES-A-PEQUENA
Malabares do caosa vida cheiade amorcaminha derramando sementescomo cigana jardineira displicentepara fazerlibertar , descobrir, crescero que pode estruturarum chover de rirno redondo laçode esperançano reino maior de um abraço.
Fronteiras Temporais
Quando o ano se encerracomo dedos que se abremdizendo: deixa,e outra mão de tempo se estendecomo promessa de bom tatochamando: vem,nada, nada do porvir se sabee tudo, absoluto tudo é possível também.Ao possuir em si a própria estradaa força que te move é leal em si?Quem caminha contigo a estradaatravessa a noite, a curva, a... Continuar Lendo →
Na Íris do Infinito
O finito dentro do infinitocosturas suas curascomo quem trata longas tranças:paciência, aceitação, ternura.Dissolve o que puiu por não render,renova o que se valora por ser.Quando o céu tem seu canto para assobiarpenetra pela pele não só pelas orelhasescancara na janela do peitoe são todas as divindades falando à face: - a vida quer você.
Curandema
Unguento de vida:3 passos de coragem,3 punhados de verdade,3 doses de querer saber de si.Mexer com vontade até dissolver os espinhos, desmanchar a fé roubada,e em ponto de desejo estourar liberdades.Levar ao fogo da própria luz.Em compressa no peito e na testafazer prece ao curandeiro da floresta de dentro: Que a seiva se revelee as... Continuar Lendo →
Receitas SOS 1
Se por lonjura de tempoa palavra é silenciada,logo se torna surda a percepção.Se por distração da distânciaos olhos cansam de procurar a mensagem,logo o inverno cala as pontes do tato.Então pega cada sentimento entaladoe cuida para que não se tornem pedra,coloque no verão dos expressos;se preciso for: gargareje o coração com canela.
Pequenas epifanias em acordes 4
Pequenos solossolados descalçosfazem que o mundo se apequenee um turbilhão se calepara que um outro mundo se agiganteonde o sentir fale.Quem toca sabeo que tocaou desfoca pelos calos?E quem é tocado sabecomo dançar a pautaou se perde entre as notas caladas?Ruidezas diminutas não cabem,é a luz melodiosa que integratocador e tocado.
De mato verso e prosa
Entre cheiro de mato e gabriela, água doce e pés na terra, um céu estrelado transborda a renda das árvores feito bebida que o peito esquenta.
Peneira
Vazio seco, vazio aguado, vazio doce, vazio árido: as pontes de passagem do ser e do nada. Onde tudo é e deixa de estar: são vazios, vazios sãos. A essencialidade do vazio pela vida germinada: a sombra e a luz não duram mais que um passo e o vazio torna a preencher.
Cura
Nutrida nas linhas da mão, raízes, a força de terra fecunda dança no tamboreio mágico do e da nascente da vida.
Luz
Uma borda de luz, um anzol, uma linha sutil de sinais desliza na guia, conduz. Uma chama, através da onda gentil de espuma clara se acende e propaga: o amor te guarda.