Dor é espinha de peixe
cruzada no peito, indigestão.
Farpa no tato da retina, toxina.
Reprise de memória não palatável, contra-degustação.
Há quem se amordace, se envergue,
cultive traça.
Há quem se cale, rumine,
erga muralhas.
Mas há os que se despem, enfrentam
deixando a dor doer até que sare
e seguem libertos, com o sentido aberto
ao próximo passo, a próxima etapa,
a página virada e a mão
firme a se manter em contato
com a vida, com o sentir pulsável, arejável,
ao que encontra ventilação.
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