– Sorte a minha, azar o teu – pensava ela.
Redigiu: azar meu, sorte a sua eu mudar a órbita da linha, da rara costura, da plácida verdade que derramava.
– Não, sem lágrima derramada – murmurou entre o lápis e a borracha rasgando o papel.
Respirou fundo, fechou o caderno empurrando de lado. O caderno lá, a olhá-la.
– Droga! – reabriu o caderno – onde estava mesmo aquela página… aquela, aquela daquele dia, eu não estava errada. Achei.
Na leitura, na letra não borrada: ainda bem que a sorte nos escolheu.
– Sem sorte, corta – puxou outra página, limpa como os olhos agora estavam.
Letreou metricamente: a vida aconteceu. Sileciosamente disse obrigada, acomodou o caderno para nova página e liberta deixou cair a lágrima.
Deixe um comentário